Ontem foi uma noite boa.
Sim, eu sei que faz muito tempo que a gente não escreve nada aqui. Muito mesmo. Não sei quanto, achei melhor não verificar para não me sentir velho, mas a gente reconhece que ficou sem escrever, sem compartilhar, por um período inaceitável. Às vezes era porque realmente não havia nada a ser compartilhado. Às vezes era porque tinha coisa demais acontecendo, e a gente simplesmente não saberia nem por onde começar. Vou fazer um resumão do que importa: continuamos juntos, saudáveis e, me atrevo a arriscar: mais felizes do que nunca. O resto a gente vai contando aos poucos, em ocasiões futuras, porque esse relato não é sobre todas as indas e vindas dos últimos anos.
Não. Esse post é sobre a noite de ontem. E a noite de ontem foi muito, muito boa.
Demos match com uma carioca que mora em Minas, mas está aqui pelo Rio, visitando a família. Até aí, novidade nenhuma. A gente dá match o tempo todo. Tem as meninas que nunca escrevem nada, tem as que começam a escrever mas param do nada, as que mandam whatsapp mas depois somem, as que a gente tem altas trocas apimentadas pelo zap, e aí sim, somem. Tem as que chegam a marcar data, e no dia do encontro param de responder. Essas dão raiva. E claro, tem vezes que é a gente que encerra, por inúmeros motivos, que vão desde monossilabismo até agressividade assustadora. Às vezes é só porque a gente tem a nítida impressão de que tem algo muito seriamente errrado com a pessoa, e é melhor não seguir adiante. No final das contas, embora a gente não fique contando, acho seguro dizer que, sem exagero, sai um date para cada 100 matches. É cansativo.
Justamente pelo baixo rendimento, a gente não costuma se empolgar demais com a perspectiva de sair com alguém que pareça interessante, porque a maioria das vezes o encontro nem acontece. Por isso tudo, quando apareceu nossa Carioca de Minas, a gente não tinha grandes expectativas. Ela contou pouco de si, disse que já tinha saído com casais antes, e que voltava pra Minas em 3 dias. Fomos pro zap, trocamos fotos de rosto, "nossa, vocês são um casal lindo!", marcamos pro dia seguinte. Levando em conta que muitas vezes a gente passa dias com mulheres trocando msgs, safadezas, fotos e vídeos de todo tipo para, no final, não acontecer nada, a nossa interação com ela foi mínima. A gente realmente não sabia o que esperar, mas lá fomos nós, ver no que dava.
A gente marcou num bar perto aqui de casa, e depois de uns 20 minutos, ela apareceu. Baixinha, rostinho lindo que parece pertencer em revista, decorado com um toque de purpurina (depois ela contou que não teve intenção, a irmã que deu a ela uma sombra com glitter sem ela saber). Cabelo preto preto, lisinho, ate o ombro, e corpinho que... hum. Só consigo descrever como delicioso. Tem gente que gosta de peito, tem gente que gosta de bunda. Com a Carioca de Minas, não precisa escolher. Mas o que mais chamava atenção nela, imediatamente, não era físico. Do momento que a vimos, essa menina estava simplesmente borbulhante! É a única palavra que me vem à mente. Sabe alguém que esbanja alegria, disposição, eletricidade? É isso. Ela é elétrica.
Fomos instantaneamente contagiados.
Ela se sentou e a noite de repente ficou mais fácil, mais leve. A primeira coisa que ela disse é que estava se sentindo uma periguete, por causa do short curto e do top. A gente já caiu na gargalhada. Continuou contando da vida dela, cada história de cair o queixo, mas tudo com humor e naturalidade. Disse que estava falando demais porque estava nervosa. Engraçado, eram justamente as histórias e a leveza dela que estavam nos deixando mais à vontade. Vai entender essas coisas...
Mais adiante a Lu tinha começado a contar uma historinha nossa pra ela, mas interrompeu, se levantando para ir ao banheiro. Aí o inocente aqui nem percebeu a malícia e me encarreguei de continuar a história de onde a Lu havia parado. É claro que nossa convidada também se levantou para ir com ela ao banheiro, e eu fiquei ali, no meio da frase, juntando as peças para finalmente perceber que as duas já estavam cheias de segundas intenções. Ai, que burrico!
Voltaram, cheias de sorrisos, e eu já estava pedindo a conta. Fiz o convite a ela para vir à nossa casa tomar um vinho, que ela aceitou na hora ("mas é tinto, né?"). A gente foi andando pro carro e no caminho a Lu me disse para não demorarmos, porque nossa amiga estava apertada para ir ao banheiro.
"Ué, vocês não acabaram de voltar de lá?"
"Não deu tempo."
"Vocês passaram 10 minutos, como não de... aaaaah."
Caímos de novo na gargalhada, o que, pensando bem, provavelmente não ajudou a situação de aperto.
Chegamos em casa. Vinho. Belisquetes. Sofá. Os três bem pertinhos um do outro. Já está imaginando o que aconteceu em seguida, né? Pois errou. Aconteceu papo. Muito, muito papo. E por incrível que pareça, estava delicioso! Eu sei, você está ansioso pela próxima etapa. A gente também estava. Acontece que às vezes a conversa está tão boa, tão divertida, que a gente fica com pena de interrompê-la. Nossa amiga estava contando tanta coisa que eu cheguei a perguntar se ela ainda estava nervosa.
"Não, estou bem tranquila, por quê?"
"Nada não, nada não..."
E o tempo foi passando, as risadas rolando, o vinho sumindo. Estava ótimo, mas eu já estava percebendo que o nosso papo (Gilberto Gil me perdoe) era como um grão. Tinha que morrer para germinar o resto da nossa noite. Fiquei atento, procurando uma brecha, e eis que, de repente, aparece uma oportunidade na conversa: alguém tocou no assunto de banheiro. Era agora ou nunca.
"Falando em banheiro, afinal o que as senhoritas estavam fazendo por tanto tempo no banheiro juntas?"
"Hummm, o que você acha? A gente conta pra ele?"
"Nãaao, acho melhor a gente mostrar."
E pronto. Começaram a se beijar na minha frente. Um beijo daqueles, de ganhar prêmios internacionais. Eu não me canso de ver minha esposa linda agarrando uma bela mulher na minha frente, mas esse beijo, eu tenho que confessar, estava especial. Ok, mas chega de ficar de fora, né?
"Bom, pela minha contagem, vocês estão dois beijos na minha frente. Não me parece justo."
"Ah, vamos corrigir isso já, então!"
Beijamos. E beijamos. E paramos de beijar só por um instante para ligar o ar, porque o ambiente estava ficando *quente*, mas já voltamos a beijar. Roupas foram caindo, mãos foram explorando, e em pouco tempo estávamos no quarto. O que aconteceu depois fica voltando em flashes na minha memória até agora, e cada um me faz arrepiar. Lembra que eu falei que a Carioca de Minas é elétrica? Pois é.
Não dá para explicar química. Tem pessoas que a gente sente que tudo encaixa, cada toque excita, cada movimento dá prazer. Tem a ver com sabor, com cheiro, com todos os sentidos. Mas tem a ver também com afinidade, com ligação, com sentir prazer em se estar com a pessoa, não só com o corpo dela. E tem a ver com confiança, que não é nada trivial. A confiança de se soltar, de deixar o corpo mandar e de fazer o que ele pede sem medo de ser julgado, de se entregar ao próprio desejo e ao desejo de quem está com você.
Ontem foi uma noite assim.
Nossa nova amiga, e, nesse caso, uso a palavra "amiga" em todos os sentidos, volta amanhã para Minas. A gente já está inventando qualquer desculpa esfarrapada para ela voltar logo ("Você nunca visitou o Aquário do Rio?? Precisa conhecer!!"). Estamos torcendo para vê-la de novo em breve, nem que seja só pelo papo, por uma praia e uma cerveja. Mas não vou mentir, a gente vai ficar na torcida pelo sexo também. Imagina! Uma noite tão deliciosa que nos inspirou a voltar a escrever, você acha mesmo que a gente não quer repetir?